sábado, 19 de abril de 2014

KOMBI, KOMBEIRO, EQUÍVOCA DA VIOLÊNCIA E OUTROS CONCEITOS



KOMBI, KOMBEIRO, EQUÍVOCA DA VIOLÊNCIA E OUTROS CONCEITOS


Fernando Aquino
Márcio H. Mota
Maria Beatriz de Medeiros


Ad = aparece em várias locuções latinas; prefixo que 'vai sem ver'
Verso = poesia, sabedoria
ad-vento = que leva sem saber

O corpo logo se defronta com a violência. Ela é o poder que estréia no corpo: poder sobre o corpo próprio, sobre o corpo do outro, o corpo dos outros. Violência: abuso de força; violação; tortura; juízo. “Viol”, em francês, é estupro. Corpo lascado, rachado, ardido de seus fluídos, hoje, prenhe de hormônios. O corpo submisso diante destas palavras, escritas de forma compartilhada a seis mãos, em rede, está sendo violentado.

O corpo submisso no banco da escola desde os primórdios, o corpo submisso à biblioteca e ao Mestrado, o corpo submisso, mais biblioteca e Doutorado, o corpo submisso professor. O corpo submisso no carro, na frente do computador, atrás do caixa do banco ou na fila em intermináveis esperas. E na Kombi, o corpo é submisso?

Levando Kombi Mixuruca para evento Tubo de Ensaios, UnB, 2012. Na foto da esquerda para direita: iterator (Alex Canuto), Maria Eugênia Matricardi, Luara Learth, Mariana Brites, Adauto Soares, Jackson Marinho, Camila Soato, Fernando Aquino (de capacete), Mateus de Carvalho Costa, Natasha Albuquerque, Diego Azambuja. Foto: Bia Medeiros

No seguir do texto atentaremos para a diferenciação entre a equívoca da violência e a violência instituída.
Não interessa sair da frente do computador de mão dada com alguém, ou algo, que nos leve. Também não interessa entrar no templo. Sair da frente do computador também não é o ponto: cabe a crítica.
As guerras são frutos dos templos e daqueles que, se querendo sábios, mais sábios que os demais, querem levar os outros pelas mãos. Nós, Corpos Informáticos, queremos pular corda pelados na Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). A quem é designado o título de “nível superior”? O nível superior é o alto da Rocinha, o Vidigal e a vista, sem preço para o mar do Rio de Janeiro.

Na Kombi[1], todos ficam no mesmo nível, é preciso usar as duas mãos para sustentá-la e é preciso ser no mínimo sete fuleiros[2] para levantá-la. E ficar nu, aqui, é pura fuleragem. A “liberdade”, face da violência, vaga como uma ideia para a especulação.


Performance Komboio. Corpos Informáticos:Museu da República (Bourbon Jazz Festival), Brasília. 2012.
Foto: Márcio H. Mota

Em descontrole, onde se dá o combate entre a equívoca da violência, onde pode-se chegar ao estado lúdico ou anedótico, e a violência instituída. O conforto pressupõe segurança e controle. O descontrole, o charivari, são risco.[3]
Fuleiro, sem ver,[4] mostra a bunda na Kombi, surrupia a precisão, devolve a ação em forma de risco, risca, arrisca a ordem do movimento em alquímico estado de lucidez do espírito.
Kombinationsfahrzeug, de onde se origina o nome Kombi, quer dizer "veículo combinado" (ou "veículo composto"). Para o Corpos Informáticos interessa a composição, a composição urbana: arte de rua que não intervém nem interfere na urbis. Compõe e decompõe, é sinal nomadizante e gera equívoca da violência.

Na Kombi, combinado, de fato, nada: fuleragem, festa, pulso, impulso. O grito resgata algum rumo entre pernas, inverte a técnica do limitar, corrompe a violência a um corpo que se pretende ordenar. Giorgio Agamben diria “dispositivo” (2009). A Kombi sub-verte, ad-verte o dispositivo: verso.
Mas, na esquina do corpo outro, a violência tropeça e é traída pela fuligem. Fuligem, respingo, sobras do equívoco na falta de (des)ordem, método e clareza.
Sobra, decola e trai: fuleragem. A Kombi entra na polpa da multidão, com a equívoca da violência e oferece, ao outro corpo, o descontrole, o gesto. A multidão borbulha, instituída de que? O corpo instituído tenta regular o corpo possível, o (des)controle foge ao sentido imposto e propõe: _ cospe fora o remédio e inspira regras de pretender-se.
A violência instituída “educa”, confirma e conforma a ordem, a nação, a meta, mas também,tenta domar o carinho, o desejo, a Kombi e a fuleragem. Conforma, recolhe os passaportes, examina os vistos, devolve os irregulares, subtrai o absurdo e classifica a poesia.
Festa da música Tupiniquin
Que tá rolando aqui na rua Antonio Carlos Jobim
Todo mundo tá presente e não tem hora pra acabar
E muita gente ainda está para chegar.
Na portaria o segurança pediu o crachá do Gilberto Gil
Ele apenas sorriu
Acompanhado por Caetano, Djavan, Elba, Moraes, Alceu Valença
E foi assim que eu penetrei com a galera do Nordeste.
Gabriel O Pensador. Festa da música Tupiniquim[5]

Aqui se enseja a equívoca sobre a intuição fuleragem. Se o termo “fuleragem” tornar-se instituição, será necessário buscar o vagabundo, a vaga bunda ou simplesmente a bunda refrescada na janela da Kombi.
A equívoca nasce da pretensão que gagueja, revelando-se ruído, fratura e deposição da verdade em conserva. Liquidez tormentosa.
Na Kombi, não há nobreza, só sons da matemática ilusória das ilhas de ouro, não há bailarinos, nem cenógrafos, coreógrafos ou designers. Todos podemos ser bailarinos da incerteza, sabor de pele e de dia, um(a) após a(o) outra(o), como cobra, como todo veneno disponível, sem deus ou humanidade, apenas paz, rapaz, meninas e as maria-sem-vergonhas plantadas nas Kombis à espera da sombra dos Flamboyants e Xixás.[6]
Dança menino, pula corda, respira através da pele, assim como o dia que passa, sem programação. O dia “tardeia” na beira do lago em Brasília, uma chance para esquecer a ordem, o dispositivo: performance.
Cada coisa tem sua equívoca. A equivocada composição urbana é a decomposição. A equívoca do dispositivo é o gesto. A equívoca da violência é a fuleragem. O vagabundo não se importa, suporta, desiste, e erra: errante. A fuleragem, escárnio da violência.
Uma posição, diferente da equívoca, sugere o quanto durará o perfil de violência. A paz existe fora da sessão de acupuntura (A.CU.PUM.TU.RA: composição delicada)? Na Kombi pode CU (composição urbana) e PUM (processo urbano mole, gás, odores que a sociedade disfarça, pura farsa), TU (terreno ubíquo), RA (redes adversas). Internet: doce e duro simultaneamente: o duro da vida (encontro no cheiro e no tato), o doce do (des)encontro virtual (filtrado pela censura da rede. A mesma censura da também espaço estriado, cidade). No doce ctrl_c, ctrl_v, no duro ctrl_c, ctrl_c: charivari, criação de um possível outro.[7]

ctrl_c, ctrl_c.
Bia Medeiros. Trajetórias do Corpo. Caixa Cultural, Brasília e Rio de Janeiro. 2008. Scanners de corpo sobre papel vegetal.

Cada corpo é retransmitido em pixels pela rede. Violência (?): corpo luz fria, pedaços de nós. A performance em telepresença é linguagem artística utilizada pelo Corpos Informáticos desde 1999. Desde 2006 demos uma arrefecida. Tudo passa em alta velocidade. As palavras ficaram vazias perdidas na rede ou escritas em papers que analisam estes trabalhos. Esta telepresença é fuleira: utiliza software de download free. E todos aqueles que nos acusavam, entre 1999 e 2006, os arte tecnológicos programadores, etudiosos, de fazer arte e tecnologia fuleira, em 2012, teem que calar-se: utilizamos o que hoje todos procuram, a saber, software livre.
O juízo é um ramalhete de informações. A natureza do juízo é afirmar uma coisa de outra. Ou seja, o juízo é uma coisa que se quer afirmar como outra. O delegado já fez seu juízo, preparem os chicotes. Matadouro. Quantos porcos são mortos no Brasil, por dia? E galinhas?
As galinhas desfilam atadas ao corpo de Victor de la Rocque.[8] O que pode a performance? O que quer esta linguagem artística, com ou sem pixel?


Gallus Sapiens. Performance por Victor de la Rocque. Brasília, 2010.
Etapas do processamento de carnes e Corpos Informáticos: abate, desossa, separação dos cortes: pescoço (Bia Medeiros), acém (Jackson Marinho), peito (Márcio H. Mota), paleta (Fernando Aquino), fraldinha (Natasha de Albuquerque), filé mignon (Luara Learth), bisteca (Felipe Olalquiaga), contra filé (Mariana Brites), músculo (Camila Soato), ponta de agulha (Diego Azambuja), maminha (Maria Eugênia Matricardi), coxão mole, lagarto (Mateus de Carvalho Costa), patinho (Carla Rocha), costela (corpos expandidos), alcatra (+picanha) (Priscila Arantes, nossa mar(gari)da preferida), capa de filé, coxão duro, cupim, aba do filé. Salga, defumação, congelamento ou salsicharia.
Subprodutos: couro, sangue, tendões e ossos fazem a gelatina, adesivos, vísceras, cabeça, gorduras, fâneros: cascos, chifres, crinas, cerdas e pêlos. Presuntos. Linguiças grampeadas.
Mas, quantos corpos, quantas carnes pereceram sob os tiros do fuzil? Você fez essa conta? Fuzil faliu: Hiroshima, Chernobyl e Fukushima. Quantos morreram? Quantos estão morrendo e/ou estão condenados à morte e ninguém informa?

***

Etapas do processamento de Kombi: falência do motor, ferrugem instalada, venda para o ferro-velho, separação dos cortes: ferro, alumínio, couro, plástico, mola, parafuso, longarina. Corpos Informáticos compra: R$ 100,00 cada Kombi, lixa, esmerilha, recorta, pinta.
Em março de 2012 são quatro as Kombis no Kombeiro. A quinta tornou-se, de novo, veículo. Mas, agora, movido à maquinas desejantes, vira bumba-meu boi, bumba minha mosca,[9] roupa de pelados na Kombi.
Subprodutos: performance, máquinas desejantes, bundalelê na Kombi, público da vernissage em polvorosa: 10 moleques pelados na Kombi no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), Brasília. Sim, o mesmo CCBB que proibiu o trabalho da Márcia X, Desenhando com terço onde terços foram primorosamente colocados no chão em forma de phallus.
Toda a matança, censura, tortura... é um monumental teatro de bonecos pós-dramático que existe desde que seres adquiriram a linguagem e, assim, passaram a se chamar humanos. Mas Hans-Thies Lehmann acabou de descobri-lo tentando classificar algo como “mais superficial”, “mais abrangente”, “inteiramente insatisfatória”, buscando “autenticidade cultural”, “certezas metodológicas” e naufragando entre “incompreensão interessada” e “incompreensão paralisante”.[10]
Como diria Roland Barthes, "séculos inteiros se acabam nos avatares de um sangue instável. O século XIII na lepra, o XIV na peste negra".[11] O século XX se acaba no Afeganistão, no Iraque e no centro de Nova Iorque. Já o século XXI começa com a crise na Europa, farinha de sangue na Síria, sangue em pó na Palestina, plasma, soro e adesivos. Do boi, hoje, não se perde nem o berro. O berro é sampleado. A violência instituída proibiu Victor de La Rocque de desfilar suas galinhas no Rio de Janeiro durante o Festival Performance Arte Brasil, 2010 e Hermeto Pascoal de tirar som ao vivo de um porco.[12]
Da Kombi, se perde a fuligem?
Brilhante contradição: quantos bois, porcos, galinhas, chesters, tenders e pernis são mortos por dia? As fábricas parecem não sensibilizar os ambientalistas. Cerveja para cachorro! Em Chapecó tem muito peru dando sopa. É a cidade do Brasil onde mais corre sangue. Rios de sangue de boi-porco-peru.
A violência contra animais: a produção de carnes bovina e de vitelo cresceu entre 1995 e 2006, saltando de 48,5 milhões para 53,8 milhões de toneladas equivalente-carcaça.

Perguntas sem-resposta:
Quem produz carne de pior qualidade?
A Kombi ou o açougue?
É necessário utilizar cruzamentos?
Kombinationsfahrzeug: composição, cruzamento, combinação. É necessário configurar? A Kombi? Os computadores? Nossas mentes?
Acabamento a pasto diminui a qualidade? Acabamento sem fim: Kombi se processando na seca e na chuva de Brasília.
É necessário classificar ou tipificar a carcaça?
Qual o nome da carcaça da Kombi?
Para ter qualidade a carne precisa ser metaforizada nua na Kombi? E a Kombi, metalizada?

A Kombi, recortada para ser transportada, como carro dos Flinstons, pelo Corpos Informáticos, é uma anatomopolítica (DELEUZE) onde "o riso é o próprio homem" (ARISTÓTELES). Fuleira, chula, vagabunda, ou simplesmente bunda vai a Kombi pelas “ruas” de Brasília.

* * *

O corpo é o enigma: perto demais, não podemos separá-lo de sua condição. A carne (caro) serve pouco, talvez limite, como o fato. A carne não se move de nós, pois não possui ubiquidade. Dialética do instinto e da instituição. Talvez a carne de boi.
As palavras fazem as coisas. E novos termos que surgem na Antiguidade tardia, depois na Idade Média, tais como caro (a carne), luxuria (a luxúria), fornicatio (a fornicação), forjam o vocabulário cristão da ideologia anticorporal. A natureza humana designada pelo termo caro é, desta maneira, sexualizada e abrirá as portas ao “pecado contra a natureza”.[13]
* * *

Este texto foi produzido sob intensas tempestades solares de radiação que atingem a terra em janeiro/março de 2012. Chuvas torrenciais em Minas Gerais, prédios desabando no Rio de Janeiro, Fukushima não parou. Enquanto isso, em Brasília, um terço do Corpos Informáticos tece este texto simultaneamente compartilhando-o virtualmente em editor de texto virtual: corpos submissos e a Kombi esperando o próximo filme.
O poder sobre o cotidiano é exercido através do direito à violência. Cria-se a tecnologia que concede o direito de atuar com violência. A pior violência é, sem dúvida, a violência paralisante exercida pelos dispositivos. Onde está a crítica?
Queremos manter o corpo matéria ou substituí-lo por outro, mental, onde a programação é a entrada que se desdobra em avatares e cenários fantásticos? Há diferença entre virtual e carne ou, no princípio, eles foram gerados simultaneamente? Antropogênese e tecnogênese dão se simultaneamente. A violência e os dispositivos também nascem simultaneamente com o ser humano. A critica aguarda a filosofia.

Instalação Kombeiro. Corpos Informáticos: UnB, Brasília, 2011.
Foto Carla Rocha

Nosso corpo desacata em suas estruturas (in)voluntárias enquanto nos abatedouros o sangue escorre. Não encontramos conclusão. O homem tem instintos: capota a Kombi, debocha da instituição, reivindica o bundalelê, posta no facebook e é engolido.

Referências bibliográficas
AGAMBEN, G. O que o contemporâneo e outros ensaios. Chapecó: Argos, 2009.
_________ Estado de exceção. São Paulo: Boitempo, 2004. P. 110.
AQUINO, F. & MEDEIROS, M.B. Corpos Informáticos. Performance, corpo, política. Brasília: PPG-Arte/UnB, 2011.
Bíblia Sagrada. São Paulo: Tempo Maltese, 1998.
Le Goff, Jacques e Truong, Nicolas. Uma história do corpo na idade média. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2006. P. 39.
LEHMANN, Hans-Thies. O teatro pós-dramático. São Paulo: Cosac Naif, 2007.
MEDEIROS, M.B. A pesquisa teórica nos processos criativos da arte da performance no Grupo de Pesquisa Corpos Informáticos. In Anais da V Reunião Científica da ABRACE, 2009. São Paulo: ABRACE, 2009.
Referências eletrônicas
www.abertobrasilia.com.br/
www.portalabrace.org/vreuniao/textosterritorios.html
vimeo.com/corpos
vimeo.com/30755263
vimeo.com/13542265
www.corpos.blogspot.com
corpos.blogspot.com.br/2010/08/amarelinha-binaria.html
www.performancecorpopolitica.net

Fernando Aquino. Artista, poeta, mestrando em Arte PPG-Arte/UnB, membro do Corpos Informáticos desde 2006, membro do Grupo Tuttaméia com Márcio H. Mota. minaspadrao.wordpress.com webartes.dominiotemporario.com/wordpress/
Márcio H. Mota. Artista multimídia, mestrando em Arte PPG-Arte/UnB, membro do Corpos Informáticos desde 2006, membro do Grupo Tuttaméia com Fernando Aquino. Marciohmota.wordpress.com





[1] Este texto tem como fio condutor a instalação Komboio e a performance Pelados na Kombi, realizadas na exposição Aberto Brasília, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), Brasília, 2011. Wagner Barja foi curador desta exposição que contou com a presença dos artistas: Bertrand Planes (França); Cildo Meireles; Cirilo Quartin; Colectivo the Milena principle (Geert Vermeire, Stefaan van Biesen) (Bélgica); Corpos informáticos (grupo); Fernando Baena (Espanha); Guto Lacaz; Karina Dias; Leonardo Crescenti; Luis Alphonsus Guimaraens; Nelson Felix; Paulo Bruscky; Pawell Althamer (Polônia); Rejane Cantoni; Rodrigo Paglieri; Ronald Duarte; Søren Dahlgaard (Dinamarca); Xico Chaves e Waltércio Caldas. http://www.abertobrasilia.com.br/
A instalação para esta exposição aconteceu no CCBB e na Universidade de Brasília. O Corpos Informáticos “plantou” 2 Kombis no CCBB e uma na UnB. Na abertura da exposição aconteceu a performance Pelados na Kombi, em uma quarta Kombi, feita para ser carregada como é carregado o carro do Fred Flinstons. Posteriormente todas as Kombis foram movidas para a UnB e a instalação resultante, que conta hoje com 7 Kombis, é atualmente denominada Kombeiro. Este se encontra na via L4 Norte, entre a UnB e o IBAMA.
[2] Na fuleragem, os fuleiros são aquele que participam da fuleragem, isto é os membros do Corpos Informáticos e os iteratores, errantes, participantes.
[3] Este descontrole, este charivari, refere-se à performance “pelados na Kombi”, que aconteceu no Bourbon Jazz Festival, Brasília, 2011. A Kombi, modelo carro dos Flinstons, sustentada por dez fuleiros, invade a praça onde ocorre o show causando equívoca da violência, isto é, estado lúdico ou anedótico onde muitos dançam sobre a Kombi, ajudam a carregar), mas também violência instituída, quando outras tantas pessoas reclamam “seus” espaços sentido-se incomodados pela performance, pela Kombi, por nós. Queriam “seus” espaços no meio do espaço dito público.
[4]  A expressão “sem ver”, aqui, refere-se ao conceito de mar(ia-sem-ver)gonha, desenvolvido pelo Corpos Informáticos a partir do conceito de “rizoma” de Deleuze e Guattari. Mar(ia-sem-ver)gonha é rizoma e árvore, é “brasileira”, originária de Zanzibar, fuleira e interessa à linguagem artística performance que privilegia os outros dez sentidos e o sentido em detrimento da visão. Ver MEDEIROS, M.B. A pesquisa teórica nos processos criativos da arte da performance no Grupo de Pesquisa Corpos Informáticos. In Anais da V Reunião Científica da ABRACE, 2009. São Paulo: ABRACE, 2009. http://www.portalabrace.org/vreuniao/textosterritorios.html
[5] Inserir data e nome do disco
[6] Flamboyants (Delonix regia; nome popular: Flamboyant, flor-do-paraíso, pau-rosa, acácia-rubra, árvore-flamejante); Xixá (Sterculia chicha; nome popular: amêndoa do cerrado, castanha de macaco, chichá, mandoví) e palmeiras Areka (Dypsis lutescens;nome Popular: Palmeira-areca, areca, areca-bambú), além de Maria-sem-vergonha, são algumas das espécies plantadas dentro das Kombis no Kombeiro.
[7] O conceito de doce e duro são emprestados à Michel Serres (Os cinco sentidos. Paris, Grasset: 1985). Ver http://corpos.blogspot.com.br/2010/08/amarelinha-binaria.html
Ctrl_c, ctrl_c refere-se ao trabalho efetuado em 2005 na Marquise, FUNARTE-Brasília e na passagem subterrânea 209/309 Norte. www.corpos.blogspot.com
[8] Referência à performance Gallus Sapiens 2, efetuada por Victor de La Rocque no evento Performance: corpo, política e tecnologia. Brasília, 2009. Edital MINC/Petrobrás: Cultura e Pensamento. http://www.performancecorpopolitica.net, https://vimeo.com/30755263
[9] Referência ao espetáculo Mar(ia-sem-ver)gonha, Prêmio Artes Cênicas na Rua 2009, com apresentações no teatro SESC-Garagem e nas ruas em Brasília, Ceilândia, Goiânia. Ver livro AQUINO, F. & MEDEIROS, M.B. Corpos Informáticos: corpo, cidade e política. Brasília: PPG-Arte/UnB, 2011. https://vimeo.com/13542265
[10] LEHMANN, Hans-Thies. O teatro pós-dramático. São Paulo: Cosac Naif, 2007.
[11] BARTHES apud Le Goff, Jacques e Truong, Nicolas. Uma história do corpo na idade média. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2006. P. 39.
[12] Hermeto Pascoal. Música: Missa dos escravos, Álbum: Missa dos escravos, 1977.
[13] Le Goff, Jacques e TRUONG, Nicolas. Op. Cit.. P. 42.


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