15
anos de performances de Zmário
ACBEU,
Salvador, 2012
ZMário em performance"Teorias e conceitos bem amarrados" (palestra performática), 2007-2011. Registros: João Matos.. |
Clipes ou tábua de passar? Corpo exposto, posto, todos
pensam, pasmos. A identidade não mais procura abrigo, briga. Jogo franco, tapa
na cara, beijo de língua.
A preparação não é só física, vem de um olhar que
atravessa o i-mundo. Zmário não brinca. A performance não é brincadeira, traz o
outro, o mesmo e você, todos despidos de carne diante de si, pelo corpo de Zmário.
Aqui, na produção em performance de Zmário, a
dissertação de Mestrado é tese de Doutorado, a performance é porrada, o carro
se cala, o transeunte goza na boca da praça.
Quando Zmário entra em ação, paro e sinto o suor dos
outros escorrem, no meu corpo, como água nas infinitas cachoeiras de
pensamentos que dimensionam o inaudito, o inclassificável, o, talvez, crível. A
boiada grasna, os helicópteros festejam como formigas atrás dos doces do ebó.
O corpo de Zmário está escrito nas páginas do trote, do
deboche, da bunda. Ele se deposita como desejo no vácuo do cu, na paisagem dos
cumes. Ele rasga a solidão das colheres sujas que esperam a cura.
ZMário em performance Z1M1. no evento PCPT organizado pelo Corpos Informáticos, 2010. www.performancecorpopolitica.net |
Haverá suscitação e ebulição de osso,[1] de pele,
de pelo, de cabelo. Pedaços que Zmário vai nos presenteando, pouco a pouco, de
forma intensa, imensa. Marcas requintadas de efemeridade impostas como
cicatrizes para sempre abertas.
Pensar é privilégio de poucos. Zmário arrisca mais
longe: trisca com seu suor, risca com o torso, trai (a-ante-até-após-com-contra-de-desde-em-entre-para-pre-perante-por)
o barroco-esquizo-rizomático baiano, propõe às hordas o sem
bordas com bordados inacabados.
Silêncio: no entusiasmo, Zmário invoca.
Bia Medeiros dança a valsa do arrocha com ZMário em seus 15 anos de performance. Salvador, 2012. |
texto por Bia Medeiros em 2012.
[1]
Referência ao Coletivo Osso (coletivosso.blogspot.com.br/)
do qual Zmário participou e com o qual colabora. Hoje fazem parte do
Coletivo Osso: Daniela Félix, João Pedro Matos, Lucas Moreira, Rose Boaretto,
Tiago Sant´Ana.
http://zmarioperformer.blogspot.com.br/
Gostei dessa valsa, Bia, deu um toque romântico no meio dessa pós-contemporaneidade toda. beijos, tize
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